Resumo:
O cacau (Theobroma cacao L.) é uma importante fonte de compostos bioativos, especialmente
polifenóis, associados a propriedades funcionais e antioxidantes. Este estudo avaliou o teor de
polifenóis totais (PT) e as atividades antioxidantes (DPPH e ABTS) em diferentes partes do fruto
(casca externa, casca interna, placenta e semente) de cultivares de cacau orgânico (CCN51,
PS1319, BN34 e COMUM). Observou-se variação significativa no teor de PT entre os genótipos e
as partes do fruto analisadas. A semente apresentou os maiores teores de PT, destacando-se o
clone BN34 (52,17 mgEAG/g) e o COMUM (61,07 mgEAG/g), diferindo significativamente do clone
CCN51 (45,99 mgEAG/g). Entre as frações não comestíveis, a casca externa dos clones PS1319
(23,13 mgEAG/g) e BN34 (27,17 mgEAG/g) apresentou os maiores teores de polifenóis, superando
os valores encontrados nas cultivares COMUM (5,38 mgEAG/g) e CCN51 (5,08 mgEAG/g). A
capacidade antioxidante medida pelo ensaio de DPPH foi marcadamente superior nas sementes de
todas as amostras (acima de 92%), especialmente nos clones PS1319 (92,44%) e BN34 (94,86%).
Nas frações de casca externa, PS1319 (95,29%) e BN34 (90,33%) também apresentaram alta
atividade, superando CCN51 (10,59%) e o COMUM (14,93%). A análise pelo ensaio ABTS
confirmou o predomínio da atividade antioxidante nas sementes, com destaque para COMUM
(48,08%) e BN34 (43,99%). Para as cascas externas, CCN51 apresentou o maior valor (27,23%),
diferindo significativamente dos demais genótipos. Em geral, a fração semente concentrou os
maiores teores de polifenóis e atividades antioxidantes em ambos os métodos testados, enquanto
as partes não comestíveis demonstraram potencial variável, com destaque para a casca externa
dos clones PS1319 e BN34. Estes resultados sugerem que diferentes cultivares e frações do fruto
de cacau podem ser explorados como fontes alternativas de compostos antioxidantes,
especialmente em formulações funcionais ou no aproveitamento de subprodutos agroindustriais.