Título: Impacto de peptídeos bioativos sobre a funcionalidade intestinal e indicativos imunológicos e antioxidantes em cães
Autor(es): SILVA, H. L., SOUZA, R. B. M. S., LIMA, L. S., DALOLIO, F. S., OLIVEIRA, S.G., FELIX, A. P.
Resumo: Os peptídeos bioativos (PBA) são aditivos definidos como moléculas pequenas com sequências específicas de aminoácidos, obtidos a partir da hidrólise de proteínas. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da suplementação de PBA sobre a digestibilidade da dieta, metabólitos de fermentação, microbiota fecal e marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo em cães adultos. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais. Foram utilizados 16 cães adultos castrados da raça Beagle, avaliados em dois tratamentos: controle, sem inclusão de PBA, e teste, contendo 1 g de PBA/kg de dieta (n=8 cães por tratamento), durante 60 dias. Os animais foram alimentados com dietas secas extrusadas para cães adultos e os PBA foram aplicados por recobrimento na dieta teste. Foi analisada a digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo e também a energia metabolizável das dietas. Fezes frescas foram coletadas no dia 60 para análise de escore (1=líquido a 5=seco), matéria seca (MSf), pH, amônia, ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e ramificada (AGCR), aminas biogênicas e microbiota. Foi coletado sangue no dia 60 para análises de resposta inflamatória: NF-KB, interleucinas (IL-6 e IL-10) e fator de necrose tumoral α (TNF-α); imunológica (linfócitos t-auxiliares e t-reguladores); sistema antioxidante: glutationa S-transferase (GST) e reduzida (GSH), superóxido dismutase (SOD), catalase e lipoperoxidação e permeabilidade intestinal (marcador FITC-dextran). Dados com distribuição normal foram submetidos ao teste t-Student (P<0,05) e não-paramétricos analisados pelo teste Mann-Whitney (P<0,05). O grupo teste apresentou menor concentração fecal de tiramina - Controle = 44,94 e Teste = 13,27 mg/kg MS, mas maior de cadaverina e putrescina - Controle = 149,17 e 114,47 e Teste = 288,70 e 211,54 mg/kg MS, respectivamente (P<0,05). A maior concentração de acetato, propionato e AGCC totais nas fezes do grupo teste - Controle = 107,44; 33,72 e 152,68 e Teste = 171,75; 51,94 e 235,51 mmol/kg MS, respectivamente (P<0,05), sinaliza atividade fermentativa de bactérias com potencial benéfico à funcionalidade intestinal. O grupo teste apresentou maior riqueza de microrganismos - Controle = 458,9 e Teste = 475,25 número de ASVs (P<0,05). O grupo teste apresentou redução na IL-6 e nos linfócitos T-auxiliares e aumento dos linfócitos T-reguladores - Controle = 24,81 pg/mL; 95,52 (%) e 3,94 (%) e Teste = 6,10 pg/mL; 95,10 (%) e 4,88 (%), respectivamente (P<0,05), indicando maior controle de processos inflamatórios no intestino. Ainda, houve aumento na GST – Controle = 9,56 e Teste = 10,58 nmol/min/ml (P<0,05). Houve diminuição da permeabilidade intestinal no grupo teste - Controle = 0,32 e Teste = 0,26 ug/mL (P<0,05), indicando melhora na barreira intestinal. Demais parâmetros analisados não demonstraram diferença significativa (P>0,05). A ingestão de PBA não altera a digestibilidade da dieta ou a consistência fecal, mas modula positivamente indicativos da funcionalidade intestinal, com maior produção de AGCC e riqueza da microbiota fecal, além de reduzir a permeabilidade intestinal. Ainda, os PBA podem modular a resposta imunológica, controlando mediadores inflamatórios em cães.