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- Cód. Trabalho: 1705 | Palavras-chave: Atenção, Psicologia Social, Modernidade
- Título: Fenomenologia do Observador: A propriedade social do tornar-se atento
- Autor(es): Danilo Saretta Verissimo, Michael Hyon Manoiero Kang
- Resumo:
Na investigação fenomenológica, quando se pretende estudar o problema dos critérios segundo os quais um observador intenciona preferencialmente alguma coisa, é difícil de se evitar uma discussão sobre o significado e o conceito de atenção. Presumindo-se que toda percepção seja realizada por um sujeito social e historicamente situado, não menos relevantes, portanto, seriam as circunstâncias nas quais este sujeito intenciona, isto é, o contexto histórico-social no qual ele percebe. Este contexto, na modernidade contemporânea, é, aparentemente, o de uma sociedade que exige cada vez mais de nossa capacidade para a atenção. Nosso estudo teve por objetivo investigar algumas das principais influências e propriedades sociais da percepção atenta, a partir das análises expostas em Suspensões da Percepção por Jonathan Crary (2013), explorando, sobretudo, no que diz respeito ao seu significado, sua natureza, e sua normatização. Utilizamos o método de pesquisa teórico-conceitual com apoio da abordagem fenomenológica. Apontamos para três modalidades de funcionamento da atenção: voluntária/ativa, involuntária/passiva, e sugerida/simbólica, e refletimos sobre os modos pelos quais certos constrangimentos sociais contornam a racionalidade consciente do observador para instigar as propriedades mais involuntárias e sugestionáveis de sua percepção. Notamos dois importantes interesses pela atenção em seu modo passivo e em seu modo sugerido: de um lado, vindo do sistema produtivo, e de outro, da necessidade pela realização do consumo. Ao fim, discutimos algumas das possibilidades que o sujeito encontra para libertar-se de tais constrangimentos, concluindo que a ambiguidade e instabilidade características da experiência perceptiva moderna nos indica para o indeterminismo da atenção.